quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A ti

Querido rolo de papel higiénico:
Tantas vezes me safaste de boa. Tantas vezes aquando uma bruta feijoada tive necessidade de praticar uma higiene ou outra e lá estavas tu olhando de esguelha como quem: "Lá vou eu outra vez perder uns membros folhas da família para zelar por ti". Tantas vezes escasseaste e eu chorei agarrada ao piáça(ba) chamando por ti (e pela minha mãe).
Oh rolo, rolinho, rolão quantas vezes corri mundo à procura de uma promoção. "Mas tu não ficaste nem meia hora, não fizeste um esforço para ficar e foste-te embora". Quantas vezes combinámos no sitio do costume e tu não estavas lá, na prateleira em frente à secção de enchidos. E eu vagueava em busca do teu olhar, atravessando corredor a corredor perguntando por ti. Chegava a casa e desanimada não me permitia evacuar -te dos meus pensamentos. Quantas vezes cumpriste funções extra-curriculares quando me encontrava órfã de guardanapos. Foste pai e mãe, rolo de cozinha e pano da loiça. Quantas noites me entupiste a sanita a alma e me inundaste a casa de banho os pensamentos. Mas quero que saibas que tu, rolo e toda a tua família, terão sempre um lugar especial no meu armário da casa de banho coração.

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