sábado, 19 de fevereiro de 2011

João nunca gostou que lhe chamassem Johnny. Nunca foi de alcunhas e diminutivos, apenas serviam para encurtar aquilo que por si só já era curto. Apesar da sua curta história, João já tinha uma longa história vivida - nasceu num bairro social e cedo conheceu os becos escuros.


Foi num destes momentos mais negros de uma auto-estrada mal iluminada chamada Vida que João conheceu Emília, a pequena figura angelical que o fitava do habitáculo de um Peugeot 206 semi-novo. Síndrome de Estocolmo, dizem uns, ou até paixão improvável, afirmam outros. A verdade é que desde então se tornaram inseparáveis.


Um dia, Emília esqueceu-se da sua verdadeira função, e João não jantou. Foi o suficiente para ficar a saber que o lago que tinham em casa servia de albergue para cadáveres.

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